Foto: Mateus ferreira
"Eu acordei com eles mexendo nas minhas coisas, e quando me viram acordando, já começaram a me bater", conta vítima das agressões
Um dos homens em situação de rua que foi agredido na madrugada do dia 12 de junho, em Santa Maria, relatou o ocorrido à reportagem do Bei. Ele descreveu com detalhes o ataque que sofreu de um grupo de pessoas enquanto dormia nas proximidades da Biblioteca Pública Henrique Bastide, no Centro. Um dos suspeitos do crime foi preso pela polícia uma semana depois.
- Eles chegaram e começaram a mexer na comida que eu tinha ganhado de um restaurante. Pegaram as coisas e começaram a comer. Rasgaram as sacolas que eu tinha, e o que não comeram jogaram no chão. Eu acordei com eles mexendo nas minhas coisas, e quando me viram acordando, já começaram a me bater – contou a vítima, de 48 anos.
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Segundo ele, os agressores o atingiram com soco, chutes e pedradas, inclusive na cabeça.
– Eu consegui me levantar e atravessei a rua, foi aí que tomei uma pedrada na cabeça e caí. Levei outra pedrada, chutes, nesse momento eu não conseguia mais nem me defender direito. O pessoal dos prédios ali perto viu e chamou a polícia. Tem moradores próximos da praça que me conhecem, me ajudam, sabem que fico por ali mas não incomodo ninguém – diz.
O homem afirma nunca ter tido antecedentes criminais e que sempre trabalhou. Disse já ter atuado como capataz em uma fazenda no interior do Paraná e que voltou recentemente a Santa Maria para regularizar documentos.
– Eu posso morar na rua, mas sou correto. Sempre fui trabalhador, tive problemas familiares e acabei nessa situação. Agora, aqui onde estou, eu ajudo o pessoal da casa. Aqui eu limpo, organizo, colaboro – completou.
Após a agressão, ele procurou abrigo em uma casa de passagem da cidade. A psicóloga Diandra Fonseca, 28 anos, responsável pela casa, conta que ele já havia passado pela instituição anteriormente.
– Ele já frequentava a nossa casa, depois ficou um tempo fora e agora voltou a nos procurar. Relatou que esteve em outras cidades, como Porto Alegre e Cascavel, no Paraná, onde conseguiu um trabalho em uma fazenda. Com o falecimento do patrão, voltou para Santa Maria para fazer documentação, por ser natural daqui. Ele optou por permanecer na rua, mas, depois da agressão, nos procurou novamente e está acolhido conosco. Chegou a passar por outra casa de acolhimento do município para se recuperar antes de vir para cá, agora permanece aqui com nós – conta Diandra.

Investigação e prisão
Na noite do ocorrido, as câmeras do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) registraram toda a ação. As imagens mostram um grupo de seis pessoas que chega no local, circula pelas imediações da biblioteca e em momentos distintos realiza as duas agressões as pessoas em situação de rua.
A prefeitura de Santa Maria, por meio das secretarias de Segurança e de Desenvolvimento Social, no dia da ocorrência informou que colabora com as investigações e acompanha os casos para oferecer suporte às vítimas. Os nomes dos agredidos foram incluídos na lista de busca ativa para acolhimento e inclusão em políticas públicas assistenciais.
Já a 3ª Delegacia de Polícia prendeu na quarta-feira (18) um dos suspeitos de participação no ataque. A Polícia Civil informou que segue apurando o caso e busca identificar os demais envolvidos nas agressões.